Economia Global- Fórum de Davos

Soros é o “cristão novo” das finanças globais
A julgar pelo que disse ontem o megaespeculador George Soros, em Davos, na Suíça, sua súbita conversão à corrente dos defensores de reformas no capitalismo de livre mercado é mesmo para valer. Em uma entrevista coletiva realizada para promover o Instituto para o Novo Pensamento Econômico (Inet, na sigla em inglês), uma ONG na qual ele investiu US$ 50 milhões, Soros disse, como se fosse uma espécie de “cristão novo” das finanças globais, que é preciso regular os mercados para evitar que a atual crise econômica global possa se repetir no futuro. “Quando os mercados funcionam segundo suas próprias regras eles acabam levando à criação de bolhas”, afirmou. “Por isso, é preciso supervisioná-los e controlá-los.”

Segundo Soros, que ganhou bilhões de dólares ao apostar contra a libra esterlina no início dos anos 1990, os agentes econômicos agem com base numa compreensão imperfeita da realidade, influenciada por preconceitos e análises equivocadas. Os resultados, portanto, nem sempre correspondem às expectativas. “A teoria econômica é vista como uma ciência natural, mas seu objeto de estudo é completamente diferente, está sujeita às imperfeições humanas”, disse.
Perguntado por um jornalista sobre a crescente oposição ao presidente americano, Barack Obama, por suas políticas consideradas intervencionistas na economia, Soros disse: “Nada do que Obama faz é suficiente para satisfazer a Câmara Americana de Comércio”. Depois, ao responder a outra pergunta sobre a postura de Obama em relação aos empresários, afirmou: “Obama é a favor dos negócios. O pessoal do mundo dos negócios é que não é a favor de Obama.”
Parece incrível, mas um dos maiores especuladores de todos os tempos e um dos homens mais ricos do planeta agora fala como se tivesse sido um exemplo de bom comportamento ao longo da maior parte de sua vida. Do jeito que a coisa vai, logo, logo, ele vai garantir ganhar uma auréola de santo – ou seu lugar no céu.
(Foto: Michel Euler/AP)


Em Davos, é nos corredores que as coisas acontecem


No Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, é nos corredores do Congress Centre, o palco do encontro, mais até que nos painéis e nas palestras, que as coisas acontecem. Particularmente em torno dos pequenos balcões de café, localizados no meio do caminho para as diferentes salas do evento. De repente, é indo daqui para lá, de lá para cá, ou simplesmente tomando um café para relaxar entre um painel e outro, que as pessoas se encontram e param para conversar.
Foi assim, por exemplo, que eu trombei hoje cedo com Michael Dell, fundador e presidente da Dell, um dos maiores fabricantes mundiais de computadores e outros equipamentos eletrônicos. Como já havia entrevistado Dell por telefone certa vez para ÉPOCA, aproveitei a oportunidade para me apresentar e perguntar sobre as atividades da empresa para o Brasil. Nenhuma grande novidade, mas foi legal encontrá-lo assim, de repente, vagando ali sem destino certo.
O melhor episódio do dia, porém, ocorreu no final da tarde, quando o economista Larry Summers, ex-diretor do Conselho Nacional de Economia do governo de Barack Obama e ex-secretário do Tesouro do governo Clinton passou por mim, sozinho, sem ser notado pelas dezenas de jornalistas e participantes do fórum que circulavam pela área. Quando me preparava para segui-lo e tentar uma rápida entrevista com ele, Summers parou ali, ao meu lado, junto a um pequeno balcão de informações, escondido por uma pilastra, onde quase não dava para vê-lo.
“Eu sou Larry Summers”, disse ele, esperando reconhecimento por parte da recepcionista. “Gostaria de receber o programa do encontro.” Mas, para frustração de Summers, ela não pareceu reconhecê-lo. Em seguida, depois de lhe passar uma pasta cheia de papéis, quando se preparava para colocar o nome de Summers numa lista de espera para um iPad, a seu pedido, ela afirmou: “Posso ver seu crachá?”.
Aproveitei o momento para me aproximar e, depois de me apresentar, perguntei a Summers se podíamos aproveitar aquele momento mais tranqüilo para fazer uma rápida entrevista. Mas ele não aceitou a proposta. “Não, não, não”, respondeu Summers. No final, fiquei de dar um alô para ele em Harvard, onde é professor, para tentar marcar a entrevista em outra oportunidade. Mas foi engraçado, de qualquer forma, ouvir aquela moça perguntar para aquele figurão: “Posso ver seu crachá?” Coisas de Davos.


Os grandes banqueiros voltam a Davos

Depois de dois anos distantes de Davos, os grandes banqueiros internacionais saíram da toca. Desta vez, os maiores bancos americanos enviaram seus principais executivos ou presidentes do conselho de administração para o Fórum Mundial – e não funcionários de segundo escalão, como em 2009 e 2010. É um sinal claro de que eles conseguiram superar a pior fase da crise e estão prontos para voltar ao centro dos acontecimentos. Os lucros engrossaram, e os bônus dos executivos devem voltar a crescer logo, logo, também.
Em público, aqui em Davos, a banqueirada ainda mantem uma postura discreta. Mas é provável que eles aproveitem o fórum para reforçar o lobby contra novas medidas de controle do sistema financeiro que estão em discussão não apenas nos EUA, mas em escala global, como o chamado Acordo de Basiléia 3, que exigirá dos bancos um colchão maior para garantir perdas potenciais.


Grandes temas em pauta no primeiro dia do fórum de Davos

Nesta quarta-feira, o primeiro dia do Fórum Econômico Mundial 2011, em Davos, na Suíça, promete. Do novo cenário da economia global ao futuro do emprego e ao crescimento do capitalismo de Estado no mundo, os participantes do encontro deverão discutir as grandes tendências econômicas do momento. Haverá até um painel para analisar os perigos da futurologia econômica, que se tornou uma espécie de praga no mundo em que vivemos. Em um evento paralelo, que será realizado em um hotel de Davos, o megaespeculador George Soros vai aproveitar a oportunidade para dar seu recado, que certamente terá espaço garantido na mídia internacional, presente em massa no fórum.
Na esfera política, o ponto alto será a palestra do presidente russo, Dmitry Medvedev, no final do dia. Haverá ainda um painel para analisar as mudanças na geopolítica e na economia global no período pós-crise, com a ascensão dos grandes países emergentes como a China, o Brasil, a Índia e a África do Sul. Outro painel, que terá a participação de Arthur Sulzberger, publisher do The New York Times, discutirá o dilema entre a transparência e a confidencialidade, que ganhou corpo com as recentes revelações de documentos secretos pelo site Wikileaks.
O mundo da tecnologia também terá seu momento de glória amanhã no fórum. Logo cedo, haverá um painel para discutir as mudanças que deverão acontecer no comportamento dos indivíduos nos próximos anos, com o crescimento da mobilidade e da conectividade nas comunicações. O painel deverá contar com a participação de Sean Parker, o primeiro presidente do Facebook. Tratado como vilão no filme “A Rede Social”, em razão do papel que teria exercido para forçar a exclusão do brasileiro Eduardo Saverin do negócio, Parker foi o responsável pelas primeiras captações de recursos do site junto aos investidores de risco do Vale do Silício, nos EUA. Finalmente, haverá um painel para discutir o vício das redes sociais, com a presença de Reid Hoffman, fundador do Linkedin, o site dedicado ao relacionamento profissional, Melissa Mayer, vice-presidente do Google, e Dan Ariely, o professor de psicologia e economia comportamental na Universidade Duke, nos EUA.
Como muitos painéis acontecem simultaneamente, o difícil vai ser escolher de qual deles participar.
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A elite do poder global chega a Davos

A pequena e charmosa cidade de Davos, nos Alpes suíços, começou a viver nesta segunda-feira o clima do Fórum Econômico Mundial 2011, o tradicional encontro que reúne todos os anos, nesta mesma época, boa parte da elite do poder global – presidentes, primeiros-ministros, banqueiros e altos executivos das maiores empresas internacionais – para discutir os problemas e os destinos do planeta.
Em meio aos flocos de neve que caíram de forma intermitente durante todo o dia, os jornalistas, cinegrafistas, fotógrafos e produtores de veículos de comunicação dos quatro cantos do mundo tomaram conta da cidade, junto com os primeiros convidados do fórum. Mas é amanhã, quando se realiza o jantar de abertura do evento, ao qual a maioria dos jornalistas não tem acesso, que o maior número de participantes deve chegar, lotando hotéis, restaurantes e as estreitas e enlameadas ruas de Davos.
De hoje até domingo, quando o fórum se encerra, você poderá acompanhar no Blog Fala, Mundo, de ÉPOCA, os destaques do encontro deste ano, cujo tema central será “Regras Compartilhadas para uma Nova Realidade”. O título enigmático pretende refletir, segundo os organizadores, a busca de alternativas para enfrentar a erosão de valores e princípios que estaria minando a confiança do público nas lideranças, no crescimento econômico e na estabilidade política, em um mundo cada vez mais complexo e conectado.
Criado em 1971 pelo alemão Klaus Schwab, professor da Universidade de Genebra, para ser um espaço destinado ao debate das grandes questões do capitalismo, o fórum tem cedido espaço crescente nos últimos anos, principalmente depois da explosão da atual crise global, em 2008, às discussões de idéias consideradas politicamente corretas, como a redistribuição do poder global, a governança corporativa, a responsabilidade social das empresas, a inclusão social, o respeito ao meio ambiente, o aquecimento global, a ética no mundo dos negócios e a corrupção. São temas que até pouco tempo atrás seriam discutidos apenas no Fórum Social Mundial. Criado em 2001 em Porto Alegre, ele tinha como meta servir como um contraponto de esquerda ao “liberalismo” de Davos e acabou por se transformar também em um evento globalizado.
Ainda assim, Davos continua a reunir uma tropa de alto nível, que não se junta em nenhuma outra ocasião. Neste ano, o fórum vai colocar lado a lado o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, o presidente da Rússia, Dmitry Medvedev, o secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner, e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon; os presidentes da Nestlé, da Pepsico, da Mitsubishi, da Monsanto, da Cargill, do banco de investimento Goldman, Sachs e do Citigroup; os economistas Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de Economia em 2001, Stanley Fisher, presidente do Banco Central de Israel, Jeffrey Sachs, Robert Shiller e Nouriel Roubini, mais conhecido como mister apocalipse, por suas previsões catastrofistas; os jornalistas,Arthur Sulzberger Jr., publisher do The New York Times, Michael Elliott, diretor de redação assistente da Time, Robert Thomson, editor chefe da Dow Jones e do The Wall Stree Journal, Wadah Khanfar, diretor geral da Al Jazeera, Robert Friedman, editor contribuinte da Bloomberg News, e Farid Zakaria, âncora da CNN.
Convidada pelos organizadores, a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, não estará presente. Do Brasil, deverão participar em diferentes mesas do fórum o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, e os presidentes do Banco Central, Alexandre Tombini, do BNDES, Luciano Coutinho, e da Petrobras, José Sérgio Gabrielli. Como representantes da iniciativa privada, participarão Ricardo Villela Marino, presidente do Itaú América Latina, Frederico Curado, presidente da Embraer e o publicitário Nizan Guanaes, presidente do grupo ABC Comunicações.

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