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Mostrando postagens de maio, 2010

O país da anistia e dos panos quentes

Na visão de grandes intérpretes do país, um dos traços mais marcantes da sociedade brasileira é seu pendor para o não conflito, para a acomodação das divergências. É o país onde não se teria derramado tanto sangue quanto em nações como Estados Unidos, França, Inglaterra. Há muitas teses para explicar as origens da democracia, do autoritarismo, da vitória do Estado nacional como organização política, dos processos de modernização, do porquê do desenvolvimento de certos países em relação a outros (Moore, Tilly etc). Há quem dê importância para o fato de uma sociedade ter enfrentado ou não, de frente, momentos decisivos de sua história. Como se um impasse, uma contradição crucial tivesse que ser necessariamente resolvida para que a sociedade pudesse avançar. É o caso clássico da Guerra de Secessão americana, que pôs em confronto modelos inconciliáveis, o escravocrata e o capitalista. O sangue jorrou, os Estados Unidos curaram suas feridas e prepararam-se para crescer como potência econômi

O nome da crise é Brasília

Esta crise política, que cada dia fica mais chocha e desinteressante, virou um jogo de cabra-cega entre os políticos profissionais que desfrutam de um dos melhores empregos do mundo, com um cacho de privilégios, vantagens, sinecuras e mutretas que nasceu e se espalhou pelo cerrado com a mudança da capital para Brasília. Paradoxal o destino de Brasília. Durante décadas ficou esquecida como um artigo morto da Constituição de 1946, que determinava a mudança da capital do Rio de Janeiro para o planalto central. Durante os anos que frequentei o Congresso, desde 1948 até 21 de abril de 1960, poucas vezes acompanhei os chochos debates sobre o tema, que apenas empolgava a bancada goiana. A decisão da mudança é o instantâneo do temperamento de Juscelino Kubitscheck, excelente prefeito de Belo Horizonte e governador de Minas que construiu Pampulha com as curvas sensuais do gênio de Oscar Niemeyer atraindo curiosos de todas as partes do mundo. E foi no impulso de final de campanha que, em comí