DALAI LAMA
Ele tem 2.366.281 seguidores no Twitter, mas não segue ninguém. São 1.966.379 os que o curtem no Facebook, contra três que “descurtem”. Ele diz que é um ser humano como qualquer outro, mas os números acima desmentem. Segundo ele, as diferenças entre os homens só existem em nível secundário. Os problemas da humanidade surgem porque nós enfatizamos este segundo nível, ou seja, nosso país, cultura, crença, profissão. Dalai Lama, nascido Tenzin Gyatso, tem amigos cristãos, muçulmanos, judeus e hinduístas, e acredita que todas as religiões levam a mesma mensagem de amor e compaixão. Ele falou nesta sexta-feira a uma sala não lotada de jornalistas entusiasmados no World Trade Center, em São Paulo.
O líder do Tibet tem 76 anos e o bom humor de uma criança dentro de um parque de diversões. Disse que, como monge budista, é “um péssimo praticante”, ao responder sobre como o homem deve viver a espiritualidade. Não foram poucas as vezes que fez rir a plateia. Para ele, rezar e deixar a experiência trancada na sala de oração não significa nada. A religião é como a refeição, que alimenta o corpo para fornecer energia. Da mesma forma, as práticas religiosas devem alimentar a alma e conduzir as atitudes do homem diariamente. A consciência não deve ser guiada por sentimentos como medo, raiva e apego, porque são eles que valorizam demais o tal nível secundário, provocando conflitos.
Eu já tinha ouvido isso numa palestra do monge budista Bhante Yogavacara Rahula sobre meditação. Mas essa mensagem parece ainda mais bonita saindo da boca do Dalai Lama. Ele é um pregador nato, um piadista sagaz e sabe como conduzir seu discurso – e, para o bem de todos, é um discurso de paz. A coletiva de imprensa deveria durar 45 minutos, e ele responderia nove perguntas que abordassem temas pré-definidos. Quando o relógio bateu nos 45 minutos, após cinco questões, ele se despediu. “É hora de ir embora”, disse, olhando para o relógio no pulso. Ficou mais um pouco para cumprimentar os jornalistas. Desceu até a plateia e abraçou uma mulher, que se debulhou em lágrimas, de tanta emoção.
Dalai Lama desce para cumprimentar os jornalistas (Foto: Laura Lopes)Confesso que pensei que fosse levitar quando ele aparecesse na sala. Para a minha surpresa, não aconteceu. Dalai Lama é muito mais gente de carne e osso do que se pode pensar. E é por isso que ele consegue emocionar e atingir tantas pessoas. Com dedo em riste, e o olhar fixo à primeira fila, disse aos jornalistas que devemos ter um nariz tão longo quanto a tromba de um elefante, para poder farejar todos os ângulos de uma notícia. Aceitar o que as pessoas nos mostram pela frente e investigar o que está por trás delas. Depois do sermão inicial, e falar que não estávamos tão interessados em suas palavras sobre igualdade, disciplina, amor e respeito, disse que aquilo era tudo. “First question!” (primeira pergunta), continuou, como se estivesse no balcão de atendimento do McDonalds. “Próximo pedido”, “Next question”... Ele não queria, com isso, menosprezar nossas perguntas. Óbvio. Mas agilizar o processo com uma dose de humor. E conseguiu, porque todos riram.
O décimo quarto Dalai Lama não sabe pronunciar o nome da cidade do Rio de Janeiro direito, mas é carismático até na hora em que se enrola para confessar isso. Enquanto suas palavras eram traduzidas para o português, fez pose sorrindo, tirou os óculos e chegou a afastar o microfone do vizinho para facilitar o trabalho dos fotógrafos – além de posar ao lado de um embrulho misterioso que estava sobre a mesa. A certa hora, permaneceu alguns segundos olhando para o banner de trás, que anunciava sua quarta visita ao país. E ria, sempre, inclusive quando anunciou seu último livro, ainda sem tradução para o português, sobre os traços comuns entre as religiões. Ao mostrar o livro para a plateia, gargalhou. Parecia merchandising em talk show.
O líder tibetano chegou na quinta-feira (15) ao Brasil, dia em que palestrou para executivos. As entradas, que não se esgotaram, custavam 500 reais. Nesta sexta, o simpósio que acabou às 15h30 valia de R$ 120 a 240 – com duas aparições da Santidade. No sábado, ele falará a 6 mil pessoas no Anhembi. A entrada é gratuita, mas as inscrições se encerraram faz tempo. No domingo, último dia em solo brasileiro, ele dará uma palestra sobre as práticas tibetanas. Custou de R$ 25 a R$ 50 a quem conseguiu comprar antes de acabar.
O líder do Tibet tem 76 anos e o bom humor de uma criança dentro de um parque de diversões. Disse que, como monge budista, é “um péssimo praticante”, ao responder sobre como o homem deve viver a espiritualidade. Não foram poucas as vezes que fez rir a plateia. Para ele, rezar e deixar a experiência trancada na sala de oração não significa nada. A religião é como a refeição, que alimenta o corpo para fornecer energia. Da mesma forma, as práticas religiosas devem alimentar a alma e conduzir as atitudes do homem diariamente. A consciência não deve ser guiada por sentimentos como medo, raiva e apego, porque são eles que valorizam demais o tal nível secundário, provocando conflitos.
Eu já tinha ouvido isso numa palestra do monge budista Bhante Yogavacara Rahula sobre meditação. Mas essa mensagem parece ainda mais bonita saindo da boca do Dalai Lama. Ele é um pregador nato, um piadista sagaz e sabe como conduzir seu discurso – e, para o bem de todos, é um discurso de paz. A coletiva de imprensa deveria durar 45 minutos, e ele responderia nove perguntas que abordassem temas pré-definidos. Quando o relógio bateu nos 45 minutos, após cinco questões, ele se despediu. “É hora de ir embora”, disse, olhando para o relógio no pulso. Ficou mais um pouco para cumprimentar os jornalistas. Desceu até a plateia e abraçou uma mulher, que se debulhou em lágrimas, de tanta emoção.
Dalai Lama desce para cumprimentar os jornalistas (Foto: Laura Lopes)Confesso que pensei que fosse levitar quando ele aparecesse na sala. Para a minha surpresa, não aconteceu. Dalai Lama é muito mais gente de carne e osso do que se pode pensar. E é por isso que ele consegue emocionar e atingir tantas pessoas. Com dedo em riste, e o olhar fixo à primeira fila, disse aos jornalistas que devemos ter um nariz tão longo quanto a tromba de um elefante, para poder farejar todos os ângulos de uma notícia. Aceitar o que as pessoas nos mostram pela frente e investigar o que está por trás delas. Depois do sermão inicial, e falar que não estávamos tão interessados em suas palavras sobre igualdade, disciplina, amor e respeito, disse que aquilo era tudo. “First question!” (primeira pergunta), continuou, como se estivesse no balcão de atendimento do McDonalds. “Próximo pedido”, “Next question”... Ele não queria, com isso, menosprezar nossas perguntas. Óbvio. Mas agilizar o processo com uma dose de humor. E conseguiu, porque todos riram.
O décimo quarto Dalai Lama não sabe pronunciar o nome da cidade do Rio de Janeiro direito, mas é carismático até na hora em que se enrola para confessar isso. Enquanto suas palavras eram traduzidas para o português, fez pose sorrindo, tirou os óculos e chegou a afastar o microfone do vizinho para facilitar o trabalho dos fotógrafos – além de posar ao lado de um embrulho misterioso que estava sobre a mesa. A certa hora, permaneceu alguns segundos olhando para o banner de trás, que anunciava sua quarta visita ao país. E ria, sempre, inclusive quando anunciou seu último livro, ainda sem tradução para o português, sobre os traços comuns entre as religiões. Ao mostrar o livro para a plateia, gargalhou. Parecia merchandising em talk show.
O líder tibetano chegou na quinta-feira (15) ao Brasil, dia em que palestrou para executivos. As entradas, que não se esgotaram, custavam 500 reais. Nesta sexta, o simpósio que acabou às 15h30 valia de R$ 120 a 240 – com duas aparições da Santidade. No sábado, ele falará a 6 mil pessoas no Anhembi. A entrada é gratuita, mas as inscrições se encerraram faz tempo. No domingo, último dia em solo brasileiro, ele dará uma palestra sobre as práticas tibetanas. Custou de R$ 25 a R$ 50 a quem conseguiu comprar antes de acabar.