Realismo e Naturalismo

v Panorama histórico:

- Socialismo, cientificismo, evolucionismo, positivismo, lutas antiburguesas, 2ª Rev. Industrial;

Em 1881, com a publicação de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, inicia-se o Realismo no Brasil.

No Brasil: abolição, República, romance naturalista, poesia parnasiana.

Características do Realismo:

v Objetivismo;

v Descrições e adjetivações objetivas;

v Linguagem culta e direta;

v Mulher não idealizada; real. Ex.: Marcela e Virgília (Memórias Póstumas de Brás Cubas), Sofia (Quincas Borba)...

v Amor e outros interesses subordinados aos interesses sociais;

v Herói problemático;

v Narrativa lenta, tempo psicológico;

v Personagens trabalhados psicologicamente.

Principal autor:

Machado de Assis com “Memórias Póstumas de Brás Cubas” (1881); “Quincas Borba”, “Dom Casmurro”, “Esaú e Jacó” e “Memorial de Aires”.

MACHADO DE ASSIS E O ROMANCE REALISTA

ü 1ª FASE (Tendências românticas) Obras: Ressurreição, A mão e a luva, Helena, Iaiá Garcia

Características Gerais:

- crença nos valores da época;

- estrutura de folhetim

- esquematismo psicológico.



ü 2ª FASE (Tendências realistas)

- Obras: Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba, Dom Casmurro, Esaú e Jacó e Memorial de Aires.

Características Gerais:

- Análise psicológica (os seres vistos em sua complexidade psíquica)

- Análise dos valores sociais (os valores que a sociedade cria para justificar sua própria existência)

- Pessimismo (descrença nos indivíduos e na organização social)

- Ironia (o chamado “sense of humor”, inspirado nos ingleses Stern e Swift)

- Refinamento da linguagem narrativa.

ü Principais personagens:

ü Brás Cubas, Vigília, Quincas – (Memórias Póstumas de Brás Cubas)

ü Bentinho, Capitu, Escobar, José Dias, – (Dom Casmurro)

ü Quincas Borba, O cão e o Filósofo, Rubião, Sofia e Palha – (Quincas Borba)



ROMANTISMO x REALISMO

Principais diferenças entre Romantismo e Realismo:



Ø ROMANTISMO (1836-1881)

- Ênfase na fantasia;

- Predomínio da emoção;

- Proximidade emocional entre autor e os temas;

- Subjetividade;

- Escapismo (literatura como fuga da realidade);

- Personagens idealizados;

- Nacionalismo;



Ø REALISMO (1881 – 1893)



- Ênfase na realidade;

- Predomínio da razão;

- Distanciamento racional entre o autor e os temas;

- Objetividade;

- Engajamento (literatura como forma de transformar a realidade)

- Retrato fiel das personagens;

- A mulher numa visão real, sem idealizações...

- Universalismo.



Ø Naturalismo (características)

- Determinismo biológico;

- Objetivismo científico;

- Temas de patologia social;

- Observação e análise da realidade;

Ser humano descrito sob a ótica do animalesco e do sensual;

- Linguagem simples;

- Descrição e narrativa lentas

- Impessoalidade;

- Preocupação com detalhes.

Principais autores: Aluísio Azevedo,

“O mulato”, em 1881: início do Naturalismo no Brasil; “O Cortiço”,

Raul Pompéia, “O Ateneu”.



DIFERENÇAS ENTRE REALISMO E NATURALISMO

ü REALISMO

- Forte influência da literatura de Gustave Flaubert (França).

- Romance documental, apoiado na observação e na análise.

- A investigação da sociedade e dos caracteres individuais é feita “de dentro para fora”, por meio de análise psicológica capaz de abranger sua complexidade, utilizando a ironia, que sugere e aponta, em vez de afirmar.

- Volta-se para a psicologia, centrando-se mais no indivíduo.

- As obras retratam e criticam as classes dominantes, a alta burguesia urbana e, normalmente, os personagens pertencem a esta classe social.

- O tratamento imparcial e objetivo dos temas garante ao leitor um espaço de interpretação, de elaboração de suas próprias conclusões a respeito das obras.



ü Naturalismo

- Forte influência da literatura de Émile Zola (França).

- Romance experimental, apoiado na experimentação e observação científica.

- A investigação da sociedade e dos caracteres individuais ocorre “de fora para dentro”, os personagens tendem a se simplificar, pois são vistos como joguetes, pacientes dos fatores biológicos, históricos e sociais que determinam suas ações, pensamentos e sentimento.

- Volta-se para a biologia e a patologia, centrando-se mais no social.

- As obras retratam as camadas inferiores, o proletariado, os marginalizados e, normalmente, os personagens são oriundos dessas classes sociais mais baixas.

- o tratamento dos temas com base em uma visão determinista conduz e direciona as conclusões do leitor e empobrece literariamente os textos.

ALUÍSIO AZEVEDO
(1857-MA,1913–BUENOS AIRES)

ü Principais características:

- Expressão de destaque no naturalismo brasileiro;

- Sua linguagem literária era chocante, objetiva e direta. Procurava denunciar pela palavra a miséria, a corrupção moral. Muitos de seus personagens são doentes físicos, mentais, vítimas de suas próprias imperfeições.

- Demonstrava nítida preocupação com as classes marginalizadas pela sociedade.



OUTRAS OBRAS

- O Mulato

- Casa de Pensão

- O Cortiço (obra máxima do Naturalismo brasileiro).



O CORTIÇO

- Revelação da miséria urbana

- Enfoque nas classes marginais

- Determinismo do meio (tese dominante)

- Domínio do coletivo sobre o individual

- Desagregação dos instintos

- Principais personagens: João Romão, Bertoleza, Miranda, Jerônimo, Rita Baiana e Pombinha.



RAUL POMPÉIA

(1863 – 1895)

ü Principais características:

- Nasceu em Angra dos Reis e suicidou-se no Rio de Janeiro, na noite de Natal.

- Sua obra “O Ateneu” apresenta inspiração na adolescência do autor (estudou num colégio interno, o Colégio Abílio)

- Sua técnica se prende ao Impressionismo em que o artista enfatiza a impressão que a realidade despertou nele.

PARNASIANISMO

“ARTE PELA ARTE”

ü Parnasianismo:

- Surge na França como reação à poesia romântica

- Procura corresponder, em poesia, ao Realismo na prosa



ü Características do Parnasianismo:

- Objetividade e impessoalidade do poeta

- Culto à Forma, entendida como métrica, rima e versificação.

- Utilização de fórmulas poéticas fixas como o soneto.

- “Arte pela Arte”: a arte só tem compromisso com ela mesma

- Tema principal: a mitologia greco-latina

PARNASIANISMO NO BRASIL



- Literatura descompromissada das elites

- Absoluto domínio em termos de prestígio

- Formação da tríade parnasiana

- Uma das causas da Semana de Arte Moderna

ü TEMAS:

- A mitologia e a história greco-romana

- A natureza

- O amor sensual

- A pátria

ü OLAVO BILAC (Principal poeta)

ü OBRAS:

- Poesias

- Tarde

PRINCIPAIS POEMAS

- In extremis

- O caçador de esmeraldas

- Via-láctea

- Profissão de fé

- Sarças de fogo

v PROFISSÃO DE FÉ (fragmento)

(...)

Invejo o ourives quando escrevo: Torce, aprimora, alteia, lima

Imito o amor A frase; e, enfim,

Com que ele, em ouro, o alto relevo No verso de ouro engasta a rima,

Faz de uma flor. Como um rubim.

Imito-o. E, pois, nem de Carrara Quero que a estrofe cristalina,

A pedra firo: Dobrada ao jeito

O alvo cristal, a pedra rara, Do ourives, saia da oficina

O ônix prefiro. Sem um defeito:

Por isso, corre, por servir-me, Assim procedo. Minha pena

Sobre o papel Segue esta norma,

A pena, como em prata firme Por te servir, Deusa serena,

Corre o cinzel. Serena Forma!”

(...) (OLAVO BILAC)





Ouvir estrelas

“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso”. “ E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas pálido de espanto...



E conversamos toda a noite, enquanto
A via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: - Tresloucado amigo.

Que conversas com elas?

Que sentido tem o que dizem,

quando estão contigo?

E eu vos direi. - "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."



v Um Beijo

Foste o beijo melhor da minha vida,
Ou talvez o pior...Glória e tormento,
Contigo à luz subi do firmamento,
Contigo fui pela infernal descida!



Morreste, e o meu desejo não te olvida:
Queimas-me o sangue, enches-me o pensamento,
E do teu gosto amargo me alimento,
E rolo-te na boca malferida.



Beijo extremo, meu prêmio e meu castigo,
Batismo e extrema-unção, naquele instante
Por que, feliz, eu não morri contigo?

Sinto-te o ardor, e o crepitar te escuto,
Beijo divino! e anseio, delirante,
Na perpétua saudade de um minuto...


v SATÂNIA

Sobe... cinge-lhe a perna longamente;
Sobe...- e que volta sensual descreve
Para abranger todo o quadril!- prossegue,
Lambe-lhe o ventre, abraça-lhe a cintura,



Morde-lhe os bicos túmidos dos seios,
Corre-lhe a espádua, espia-lhe o recôncavo

Da axila, acende-lhe o coral da boca,
E antes de se ir perder na escura noite,
Na densa noite dos cabelos negros,
Pára confusa, a palpitar, diante
Da luz mais bela dos seus grandes olhos.














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