Coisas da Política brasileira
Há resistências ao Palocci até no PT
Por Tales Faria
O ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci mal saiu absolvido pelo Supremo Tribunal Federal da acusação de ter rompido o sigilo bancário do caseiro Francenildo Pereira, e já é tido como o favorito dentro do PT para disputar a candidatura ao governo de São Paulo. O motivo do favoritismo vem das declarações em favor de Palocci feitas por alguns dirigentes do Campo Majoritário, tendência hegemônica no partido, como o ex-deputado José Dirceu, e da presunção de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também acabará trabalhando por seu ex-ministro, como fez, no plano nacional, para emplacar a candidatura presidencial de Dilma Rousseff. Mas a coisa não é tão simples.
O deputado Cândido Vacarezza (SP) é líder do PT na Câmara e integrante do Campo Majoritário, mas não se empolga com Palocci nem com as declarações de Dirceu. Diz apoiar a candidatura do prefeito de Osasco, Emídio de Souza, para governador, e que, antes disso tudo, o PT tem de discutir uma aliança com o PSB, o PCdoB, o PDT e o PR:
– Só depois é que se pode falar em nomes. E se o PSB colocar a candidatura de Ciro Gomes a governador? É uma alternativa forte, que o PT de São Paulo terá de levar em conta. Não podemos partir para uma aliança querendo impor o Palocci, o Emídio ou quem quer que seja. Essa é a questão inicial.
Muito embora Vacarezza não se renda às declarações de Dirceu, aliás seu amigo pessoal, ele admite que pode mudar de opinião se o presidente Lula entrar na decisão.
– Caso o presidente Lula se manifeste em favor da candidatura Palocci, como fez com a ministra Dilma, isso sim terá um peso grande no partido. Mas, por enquanto, Lula só falou em Ciro Gomes, em mais ninguém. A verdade é que este assunto precisa amadurecer, ainda não é o momento – argumenta o líder.
Se a candidatura de Palocci a governador é motivo de polêmica dentro de seu próprio grupo no PT, o Campo Majoritário, imagina fora dele. O secretário de Relações Internacionais do PT, Valter Pomar, é da tendência chamada Articulação de Esquerda. E tem a seguinte avaliação sobre a entrada de Palocci na disputa pela vaga do PT:
– É um fato relevante, porque enterra de vez a tese de que o PT deva apoiar um nome de outro partido. Agora está claro que temos de ter um candidato próprio a governador. Só isso. Porque, o Palocci, em si, não é um bom nome. Os que defendem sua candidatura acham que ele terá o apoio do empresariado e tem um perfil semelhante ao dos tucanos. Eu acho que isso faz justamente com que o Palocci seja um mau nome. Se ele é uma cópia, o eleitor vai preferir os originais do PSDB. A verdade é que o deputado não tem um eleitorado consolidado e ainda sofre vários processos complicados. Na minha avaliação a escolha do nome do PT vai demorar algum tempo, coisa para virar o ano, lá para março ou abril. Teremos que testar nomes mais fortes, como a ex-prefeita Marta Suplicy; o Emídio, de Osasco; o senador Aloizio Mercadante; o deputado Arlindo Chinaglia; o ministro Fernando Haddad... Eu apostaria mais nesses nomes.
– O senhor não citou o senador Eduardo Suplicy – provoco.
E Valter Pomar não se faz de rogado:
– Quem é esse cara? É aquele juiz de futebol que apareceu com um cartão vermelho no plenário do Senado? Falando sério, não vejo o Suplicy como uma opção para cargo executivo. Mas é claro que, se ele apresentar formalmente sua pré-candidatura, o partido terá de avaliar.
De fato, é difícil encontrar na cúpula do PT quem veja com bons olhos a candidatura de Suplicy a governador. O homem pode ter a popularidade que tiver, pode estar nadando de braçada junto à opinião pública. Mas, no PT, não vai bem o Suplicy. Cândido Vacarezza, por exemplo, explica seus motivos:
– Pessoalmente, gosto do Suplicy. Nada tenho contra ele. Mas a sua candidatura seria uma coisa meio fora de foco. Ele não ajudaria a formar uma frente com o PSB, o PCdoB, o PDT e o PR. Na verdade, acho que o Suplicy não junta nem o PT.
Por Tales Faria
O ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci mal saiu absolvido pelo Supremo Tribunal Federal da acusação de ter rompido o sigilo bancário do caseiro Francenildo Pereira, e já é tido como o favorito dentro do PT para disputar a candidatura ao governo de São Paulo. O motivo do favoritismo vem das declarações em favor de Palocci feitas por alguns dirigentes do Campo Majoritário, tendência hegemônica no partido, como o ex-deputado José Dirceu, e da presunção de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também acabará trabalhando por seu ex-ministro, como fez, no plano nacional, para emplacar a candidatura presidencial de Dilma Rousseff. Mas a coisa não é tão simples.
O deputado Cândido Vacarezza (SP) é líder do PT na Câmara e integrante do Campo Majoritário, mas não se empolga com Palocci nem com as declarações de Dirceu. Diz apoiar a candidatura do prefeito de Osasco, Emídio de Souza, para governador, e que, antes disso tudo, o PT tem de discutir uma aliança com o PSB, o PCdoB, o PDT e o PR:
– Só depois é que se pode falar em nomes. E se o PSB colocar a candidatura de Ciro Gomes a governador? É uma alternativa forte, que o PT de São Paulo terá de levar em conta. Não podemos partir para uma aliança querendo impor o Palocci, o Emídio ou quem quer que seja. Essa é a questão inicial.
Muito embora Vacarezza não se renda às declarações de Dirceu, aliás seu amigo pessoal, ele admite que pode mudar de opinião se o presidente Lula entrar na decisão.
– Caso o presidente Lula se manifeste em favor da candidatura Palocci, como fez com a ministra Dilma, isso sim terá um peso grande no partido. Mas, por enquanto, Lula só falou em Ciro Gomes, em mais ninguém. A verdade é que este assunto precisa amadurecer, ainda não é o momento – argumenta o líder.
Se a candidatura de Palocci a governador é motivo de polêmica dentro de seu próprio grupo no PT, o Campo Majoritário, imagina fora dele. O secretário de Relações Internacionais do PT, Valter Pomar, é da tendência chamada Articulação de Esquerda. E tem a seguinte avaliação sobre a entrada de Palocci na disputa pela vaga do PT:
– É um fato relevante, porque enterra de vez a tese de que o PT deva apoiar um nome de outro partido. Agora está claro que temos de ter um candidato próprio a governador. Só isso. Porque, o Palocci, em si, não é um bom nome. Os que defendem sua candidatura acham que ele terá o apoio do empresariado e tem um perfil semelhante ao dos tucanos. Eu acho que isso faz justamente com que o Palocci seja um mau nome. Se ele é uma cópia, o eleitor vai preferir os originais do PSDB. A verdade é que o deputado não tem um eleitorado consolidado e ainda sofre vários processos complicados. Na minha avaliação a escolha do nome do PT vai demorar algum tempo, coisa para virar o ano, lá para março ou abril. Teremos que testar nomes mais fortes, como a ex-prefeita Marta Suplicy; o Emídio, de Osasco; o senador Aloizio Mercadante; o deputado Arlindo Chinaglia; o ministro Fernando Haddad... Eu apostaria mais nesses nomes.
– O senhor não citou o senador Eduardo Suplicy – provoco.
E Valter Pomar não se faz de rogado:
– Quem é esse cara? É aquele juiz de futebol que apareceu com um cartão vermelho no plenário do Senado? Falando sério, não vejo o Suplicy como uma opção para cargo executivo. Mas é claro que, se ele apresentar formalmente sua pré-candidatura, o partido terá de avaliar.
De fato, é difícil encontrar na cúpula do PT quem veja com bons olhos a candidatura de Suplicy a governador. O homem pode ter a popularidade que tiver, pode estar nadando de braçada junto à opinião pública. Mas, no PT, não vai bem o Suplicy. Cândido Vacarezza, por exemplo, explica seus motivos:
– Pessoalmente, gosto do Suplicy. Nada tenho contra ele. Mas a sua candidatura seria uma coisa meio fora de foco. Ele não ajudaria a formar uma frente com o PSB, o PCdoB, o PDT e o PR. Na verdade, acho que o Suplicy não junta nem o PT.