A análise acurada da Política Brasileira há mais de 50 anos
A campanha do vale-tudo
11/07/2009 - 00:02 | Enviado por: Sheila Machado
Por Villas-Bôas Corrêa
A ruidosa e divertida caravana, liderada pela ministra-candidata Dilma Rousseff, que, na ausência do presidente Lula mas com seu óbvio consentimento, viajou na última semana para o Piauí, com a carga completa de ministros e parlamentares para visitar as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), na verdade inaugurou mais um, e dos mais espertos esquemas de campanha eleitoral, que atropela o calendário constitucional, com a segurança da impunidade.
Louve-se a ousadia de mais uma etapa da campanha ostensiva, que sequer apela para o disfarce e ainda aproveita a pasmaceira da oposição, engasgada com dois candidatos, os governadores José Serra, de São Paulo, e o mineiro Aécio Neves, que não conseguem definir a chapa, nem apelando para o par ou ímpar.
A ministra Dilma Rousseff continua contornando dificuldades com a obstinação de quem persegue a oportunidade única, que não caiu do céu mas foi entregue de bandeja pelo presidente Lula. O câncer linfático que parecia bloquear o seu objetivo está sendo superado com êxito graças às sessões de quimioterapia, já terminada, e que serão completadas com 15 aplicações de radioterapia, quando são de 90%, segundo a junta médica, as possibilidades de cura.
Aqui e acolá, a imprensa registra os estrilos do seu temperamento genioso, que intimida os assessores, secretários e ministros e só reverencia o presidente Lula, com quem mantém um relacionamento que o ministro Franklin Martins qualifica como “de pai para filha”. E nenhum pai na história deste país deu de presente a uma filha a candidatura a presidente da República.
Se a campanha fora da lei foi iniciada com o presidente Lula, não há razão para ser interrompida quando vai de vento em popa. Com o PAC às ordens como pretexto irretocável, a ministra-candidata lotou o avião com os seus ilustres cabos eleitorais. Entre os quais, os ministros Alfredo Nascimento, dos Transportes – que acaba de ser apresentado ao distinto público – Geddel Vieira Lima, da Integração Nacional, e Márcio Fortes, das Cidades. Nas vagas, os lugares foram distribuídos a parlamentares governistas.
Na volta do giro de reconhecido sucesso, a ministra Dilma anunciou que vai continuar a visitar obras do PAC e do Minha Casa Meu Voto, na companhia de ministros bons de votos e de parlamentares credenciados pelas votações.
O cenário está armado à espera da inadiável reforma política. E que empaca na absoluta falta de confiança no Congresso, que é o pior de todos os tempos, inclusive dos 21 anos da ditadura militar, quando foi tratado com o maior desprezo pelos presidentes-generais. O Legislativo foi então vítima indefesa das cassações de mandato, dos atos institucionais, com destaque para o famigerado AI-5, dos recessos parlamentares, do deboche dos senadores biônicos escolhidos pelas assembléias legislativas, da extinção dos partidos com tradição pelos partidos de chocadeira que misturavam alhos com bugalhos.
Sem liberdade de imprensa não há Congresso nem democracia.
E é o que assusta com a desmoralização suicida da baderna do Congresso que vai se dissolvendo no mar de lama de outros apagões da democracia. Se alguns – que são realmente poucos entre os que são atores e não silenciosos cúmplices da praga que corrói a respeitabilidade do Legislativo – conseguirem aprovar uma reforma política de emergência para a travessia até a convocação de uma miniconstituinte, com prazo para acabar e pauta previamente fixada, será um estímulo para um crédito de confiança ao Congresso renovado pelas urnas de 3 de outubro de 2010.
A faxina tem que começar agora, sem perda de um dia. Pelo menos algumas medidas profiláticas podem ser aprovadas na reabertura do Congresso, com os parlamentares alertados pelas suas bases eleitorais da cobrança da população.
A Fundação Getúlio Vargas, com a sua reconhecida competência, foi convocada pelo Senado para uma análise do obeso quadro de servidores do Senado – 2.216 funcionários para atender 81 senadores, noves fora os ausentes – o que, mais do que um escândalo, é um deboche da opinião pública. O senador Heráclito Fortes, primeiro-secretário da Mesa, garantiu que vai cumprir a recomendação da FGV: cortar 40% do quadro de servidores comissionados e terceirizados.
Já é um começo
Postado pelo professor Fernando
11/07/2009 - 00:02 | Enviado por: Sheila Machado
Por Villas-Bôas Corrêa
A ruidosa e divertida caravana, liderada pela ministra-candidata Dilma Rousseff, que, na ausência do presidente Lula mas com seu óbvio consentimento, viajou na última semana para o Piauí, com a carga completa de ministros e parlamentares para visitar as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), na verdade inaugurou mais um, e dos mais espertos esquemas de campanha eleitoral, que atropela o calendário constitucional, com a segurança da impunidade.
Louve-se a ousadia de mais uma etapa da campanha ostensiva, que sequer apela para o disfarce e ainda aproveita a pasmaceira da oposição, engasgada com dois candidatos, os governadores José Serra, de São Paulo, e o mineiro Aécio Neves, que não conseguem definir a chapa, nem apelando para o par ou ímpar.
A ministra Dilma Rousseff continua contornando dificuldades com a obstinação de quem persegue a oportunidade única, que não caiu do céu mas foi entregue de bandeja pelo presidente Lula. O câncer linfático que parecia bloquear o seu objetivo está sendo superado com êxito graças às sessões de quimioterapia, já terminada, e que serão completadas com 15 aplicações de radioterapia, quando são de 90%, segundo a junta médica, as possibilidades de cura.
Aqui e acolá, a imprensa registra os estrilos do seu temperamento genioso, que intimida os assessores, secretários e ministros e só reverencia o presidente Lula, com quem mantém um relacionamento que o ministro Franklin Martins qualifica como “de pai para filha”. E nenhum pai na história deste país deu de presente a uma filha a candidatura a presidente da República.
Se a campanha fora da lei foi iniciada com o presidente Lula, não há razão para ser interrompida quando vai de vento em popa. Com o PAC às ordens como pretexto irretocável, a ministra-candidata lotou o avião com os seus ilustres cabos eleitorais. Entre os quais, os ministros Alfredo Nascimento, dos Transportes – que acaba de ser apresentado ao distinto público – Geddel Vieira Lima, da Integração Nacional, e Márcio Fortes, das Cidades. Nas vagas, os lugares foram distribuídos a parlamentares governistas.
Na volta do giro de reconhecido sucesso, a ministra Dilma anunciou que vai continuar a visitar obras do PAC e do Minha Casa Meu Voto, na companhia de ministros bons de votos e de parlamentares credenciados pelas votações.
O cenário está armado à espera da inadiável reforma política. E que empaca na absoluta falta de confiança no Congresso, que é o pior de todos os tempos, inclusive dos 21 anos da ditadura militar, quando foi tratado com o maior desprezo pelos presidentes-generais. O Legislativo foi então vítima indefesa das cassações de mandato, dos atos institucionais, com destaque para o famigerado AI-5, dos recessos parlamentares, do deboche dos senadores biônicos escolhidos pelas assembléias legislativas, da extinção dos partidos com tradição pelos partidos de chocadeira que misturavam alhos com bugalhos.
Sem liberdade de imprensa não há Congresso nem democracia.
E é o que assusta com a desmoralização suicida da baderna do Congresso que vai se dissolvendo no mar de lama de outros apagões da democracia. Se alguns – que são realmente poucos entre os que são atores e não silenciosos cúmplices da praga que corrói a respeitabilidade do Legislativo – conseguirem aprovar uma reforma política de emergência para a travessia até a convocação de uma miniconstituinte, com prazo para acabar e pauta previamente fixada, será um estímulo para um crédito de confiança ao Congresso renovado pelas urnas de 3 de outubro de 2010.
A faxina tem que começar agora, sem perda de um dia. Pelo menos algumas medidas profiláticas podem ser aprovadas na reabertura do Congresso, com os parlamentares alertados pelas suas bases eleitorais da cobrança da população.
A Fundação Getúlio Vargas, com a sua reconhecida competência, foi convocada pelo Senado para uma análise do obeso quadro de servidores do Senado – 2.216 funcionários para atender 81 senadores, noves fora os ausentes – o que, mais do que um escândalo, é um deboche da opinião pública. O senador Heráclito Fortes, primeiro-secretário da Mesa, garantiu que vai cumprir a recomendação da FGV: cortar 40% do quadro de servidores comissionados e terceirizados.
Já é um começo
Postado pelo professor Fernando